Cidade de Maceió está afundando e moradores expõe medo: ‘o chão está cedendo’

Moradores da região sofrem com a incerteza e vivem com tremores constantes.

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No último sábado (2/11), a dona de casa Roseilda Lopes da Silva Ferreira, 45 anos, sentiu um tremor que fez sua casa na Vila Saem, comunidade no bairro do Pinheiro, balançar. Ela vive a angústia constante de estar perto de um possível desastre decorrente das atividades de mineração da Braskem em Maceió.

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Enquanto algumas residências do outro lado da rua foram evacuadas e seladas, a casa de Roseilda permanece, mas o medo persiste: “Minha casa está cheia de rachaduras, o chão está cedendo. Já tentei refazer paredes, mas as rachaduras sempre voltam”. Desde 2018, ela vem enfrentando os tremores causados pelos problemas geológicos decorrentes da exploração de sal-gema nas minas da Braskem.

Situação causa preocupação

A região, listada no novo mapa de áreas de risco elaborado pela Defesa Civil, está em constante monitoramento, mas sem indicação de evacuações ou realocações iminentes, segundo o documento emitido em 30 de novembro.

O impacto para a população local é significativo. Cícero Péricles Carvalho, professor da Universidade Federal de Alagoas, destaca que 15 mil famílias, totalizando 60 mil pessoas, foram deslocadas até o momento. O preço do metro quadrado em Maceió, o mais alto do Norte e Nordeste, sofreu uma inflação favorável à construção civil, mas representou uma tragédia para a população.

O turismo, vital para a economia local, também está sendo afetado. Com o início da estação de verão, hotéis, pousadas e restaurantes enfrentam uma queda abrupta nas atividades, semelhante ao impacto da pandemia de covid-19.

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O terceiro cenário preocupante recai sobre a atividade de pesca, essencial para a subsistência de várias famílias na região. O colapso das minas pode resultar em efeitos prejudiciais para as lagoas Mundaú Manguaba. O professor Carvalho alerta para a possibilidade de desvalorização imobiliária e o afastamento de investimentos na cidade. Os riscos de colapso das minas já eram apontados por estudos prévios do Serviço Geológico Brasileiro, destacando a necessidade de aprimoramento nas medidas de segurança.

Mineradora se manifestou

A Braskem informa que está trabalhando no preenchimento de algumas minas, enquanto outras estão sendo monitoradas ou fechadas. No entanto, a moradora Maria Luci Trindade da Silva, 74 anos, expressa angústia pela falta de informações oficiais e vive com o medo de um possível colapso durante a noite.