Emagrecer é uma tarefa muito difícil para diversas pessoas, principalmente quando o assunto é conseguir ter uma alimentação balanceada junto com a prática de exercícios físicos sem desanimar ou desistir durante o processo.
Para ter uma noção, atualmente 22,4% da população brasileira apresenta obesidade e 6,4 milhões de crianças estão com sobrepeso, dados esses pontuados pelo Atlas Mundial da Obesidade 2023.
Uma informação importante e pouco divulgada é que a obesidade é uma Doença Crônica, que deve ser encarada como tal. Obesidade como qualquer outra doença precisa de medicação na grande maioria das vezes.
Baseado nesses casos, o Dr. Alfio Borghi Neto, médico nutrólogo (CRM/RQE: 181514/ 106463), decidiu tirar algumas dúvidas sobre os medicamentos de emagrecimento e quais são os procedimentos necessários para respeitar seu corpo e o manter saudável.
A primeira questão é: medicamentos de emagrecimento viciam?’. Segundo o especialista, não viciam e não há nenhuma comprovação científica provando ao contrário, porém, é sempre preciso ser administrado e receitado pelo médico, não podendo ocorrer uso desregulado e sem nenhum profissional por trás.
No Brasil, há diversos medicamentos comprovados cientificamente e que têm mecanismos de ação diferentes para o emagrecimento.
“No final, o que vicia é uma alimentação ruim, como excesso de gorduras saturadas, gordura TRANS e carboidratos simples, principalmente os ultraprocessados. A medicação em si não vicia, muitas pessoas imaginam que é só ir no nutrólogo, tomar a medicação e pronto, estará tudo bem, mas se o paciente não mudar sua maneira de se alimentar depois que parar o medicamento, tudo irá se descontrolar. Sempre uso essa analogia: se você é hipertenso e utiliza medicação, logo sua pressão arterial ficará controlada, agora, suspenda a medicação por conta própria para ver o que acontece. A pressão sobe novamente. É assim também com a obesidade, e por isso, vemos tantas pessoas no efeito sanfona, param a medicação por conta própria, logo voltam a engordar“, comenta.
E o doutor completa: “Outro exemplo que uso sobre o efeito rebote aos meus pacientes: se você come 10 pedaços de pizza e eu prescrevo uma medicação para controlar o apetite, provavelmente, irá passar a comer 2 pedaços. Agora, se você não muda a qualidade do alimento que ingere, continua comendo a pizza como jantar, por exemplo, o que vai acontecer quando a medicação for suspensa? Logo, ganhará peso novamente, pois voltará a comer 10 pedaços de pizza“.
Existem vários tipos de medicação no Brasil para emagrecimento, algumas on label e outras off label (uso diferente do aprovado em bula, mas que trás benefícios ao paciente de maneira indireta).
Existem vários mecanismos de ação entre as medicações. Dentre os mecanismos de ação estão: diminuição da absorção de gordura; diminuição da ingesta excessiva de doces/carboidratos; controle de comportamento como a compulsão, diminuição do beliscar, etc.
Para finalizar, é importante frisar que, na obesidade, o sistema que controla a fome (sistema homeostase energético), está inflamado, e essa inflamação causa desregulação entre fome e saciedade (inclusive temos medicações que agem nessa região). Assim, segundo o nutrólogo, é importantíssimo entender que obesidade não é só uma questão comportamental que muitas vezes é vista como indisciplina. A obesidade é uma doença com causa muitas vezes na fisiopatologia cerebral.