Fotógrafo que acusou Jairinho por suposta sessão de tortura de 7 horas perdeu esposa, filhos e amigos

Nilton Claudino cita Jairinho e seu pai, Coronel Jairo, em suposta sessão de tortura ocorrida na Favela do Batan. Pai e filho saíram impunes.

PUBLICIDADE

No ano de 2008, o Jornal O Dia contratou um fotógrafo, uma repórter e um motorista para se mudarem, disfarçados, para a Favela do Batan, na Zona Oeste carioca, a fim de realizarem uma série de matérias sobre a milícia do local.

PUBLICIDADE

A região carioca é conhecida por ser reduto eleitoral da família de Jairo Souza Santos Júnior, mais conhecido como Dr. Jairinho, vereador do Rio de Janeiro investigado pela morte de seu enteado Henry Borel, de apenas 4 anos.

Além de Jairinho, seu pai, Coronel Jairo, também é envolvido com a política, sendo ex-deputado estadual do Rio, ex-policial militar e ex-preso pela Lava Jato. Pai e filho foram apontados, na época, como envolvidos com os criminosos do Batan.

Profissionais torturados

No dia 14 de maio de 2008, os profissionais contratados pelo O Dia foram descobertos na favela e capturados pelos criminosos do local, que, supostamente, seriam envolvidos com Jairo e Jairinho. O trio foi, então, submetido a sete horas de uma sessão de tortura que envolveu socos, pontapés, roleta-russa, choques elétricos, sufocamento com saco plástico, entre outros mecanismos violentos.

Até o ano de 2011, a identidade das vítimas ficou em segredo. Entretanto, neste ano, o fotógrafo da equipe Nilton Claudino escreveu, para a Revista Piauí, um texto de nome ‘Minha Dor Não Sai no Jornal’, no qual contou tudo sobre a sessão de torturas a que teria sido submetido junto aos seus colegas de trabalho.

PUBLICIDADE

Possível envolvimento de Jairo e Jairinho

Em um dos trechos de seu desabafo, Claudino comentou que, no momento da violência, a repórter que estava com a equipe reconheceu a voz de um vereador, filho de um deputado estadual, que batia muito no fotógrafo.

Com a declaração do fotógrafo, a Polícia Civil do Rio de Janeiro investigou o pai de Jairinho, visto que, de acordo com uma denúncia, seu assessor, conhecido por Betão, havia abordado a equipe d’O Dia antes do trabalho do trio se iniciar. No entanto, o Coronel não foi indiciado.

Nilton Claudino também declarou, em seu texto à revista que, por conta do medo, perdeu sua família e seus amigos, pois precisaria deixá-los viver em paz. Assim, precisou mudar para uma cidade distante, onde vive sozinho hoje em dia.

Além disso, Claudino comentou que, atualmente, tem um neto que mal o conhece e que faz tratamento psicológico por conta de tudo o que viveu. O fotógrafo também retoma, em seu texto, o possível envolvimento de Jairo e Jairinho com o acontecido: “E não aconteceu nada com o vereador e o deputado estadual cujas vozes minha companheira repórter reconheceu no cativeiro. Eles negaram envolvimento com a milícia e nunca foram punidos”.