O feminicídio é uma realidade no Brasil: enquanto existem crimes sendo coibidos, este é um dos que mais crescem no país. Para se ter uma ideia, o Brasil registra um caso de feminicídio a cada 7 horas. Isso representa um aumento de 7,3% no número de casos em comparação entre 2018 e 2019. Foram 1.314 mulheres mortas em 2019.
Porém, mesmo com números tão expressivos de uma violência que estampa jornais e programas de TV, casos como o da jovem Bianca, de 24 anos despertam comentários nas redes sociais.
No Twitter, em resposta à publicação sobre o corpo ter sido encontrado, um internauta escreveu: “Procurou, achou”, e foi respondido por outro, que afirmou que mulheres são assassinadas “por juízes ou traficantes”.
Um outro internauta comentou: “Vão lá, mulheres, se envolvam com traficantes”. Segundo ele, o envolvimento com traficantes causaria mais matérias como a da morte de Bianca.
Até a roupa da jovem foi questionada por um dos comentaristas: “Será que ela andava com roupa colada em frente crianças também?”, questionou outro usuário.
A culpabilização das vítimas
Casos como o dos comentários acima reforçam a cultura de culpabilização das vítimas, algo que é comum em casos de violência sexual, por exemplo. De acordo com pesquisa do Datafolha, um em cada três brasileiros culpa a mulher em casos de estupro. 42% dos homens, de acordo com a pesquisa, acham que mulher que se dá ao respeito não é violentada.
Na mesma pesquisa, 85% das mulheres afirmaram ter medo de serem vítimas de violência sexual. O feminicídio e tantos outros problemas que afligem a sociedade se agravam em relação às mulheres, que se veem vitimadas em casos como o de Bianca.
Caso Bianca
A Polícia Civil encontrou o corpo de Bianca, que desaparecida desde o último dia 03/01. Ela estava num churrasco e foi retirada do local a força pelo seu ex-namorado, Dalton Vieira Santana, apontado como chefe do tráfico na comunidade da Kelson’s.
O corpo da jovem estava na praia da Ilha do Fundão. Testemunhas afirmam que o ex da jovem não aceitava o término do relacionamento.