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Karla Michelle do Valle de Souza tinha 42 anos e trabalhava como enfermeira obstetra em Belo Horizonte. Na sexta-feira e no sábado (26), ela estava em isolamento ao lado do marido, Ítalo Silva de Souza, de 42 anos, e dos filhos, Israelly, de 10, e Noah, de 2.
O quadro parecia estar sob controle. Karla tinha cansaço, mal-estar e ficou sem olfato – um dos sintomas mais característicos da Covid-19. No domingo, ele teve falta de ar. O marido a levou até a unidade de pronto-atendimento (UPA) mais próxima.
O que o casal não poderia imaginar é que Karla deixaria o local sem vida. Aos 42 anos, a enfermeira era hipertensa, uma das comorbidades que pode agravar o caso de Covid. Karla foi atendida, colocada no oxigênio e estabilizada. O marido viu tudo de longe, de uma antessala no local. Os dois conversaram por gestos.
Exames realizados por Karla não apresentaram alterações no pulmão. Dentro do possível, tudo parecia bem. De repente, começou uma movimentação em torno de Karla. O biombo foi fechado, houve uma tentativa de entubação. A mulher não resistiu e morreu. O relógio marca 16h25. A enfermeira havia chegado ao local pouco antes das 14h. O marido contou ao G1 que todos ficaram escandalizados, sem saber bem o que aconteceu.
“Uma junta médica, um olhando para o outro. A médica me disse que ela está naquela UPA Norte desde que foi inaugurada e nunca tinha visto uma evolução daquela forma, jamais imaginaria, principalmente pelo bom aspecto pulmonar”, contou Ítalo.
O marido viúvo também afirmou que Noah, seu filho mais novo, foi desmamado há apenas duas semanas. O enterro aconteceu na segunda-feira (28). Nas redes sociais, mães que deram à luz sob os cuidados de Karla homenagearam a enfermeira com palavras de carinho.