Negro morto no Carrefour: ‘A gente gritava tão matando o cara, mas continuaram até ele parar de respirar’

Vizinho da vítima estava no supermercado no momento do crime e relata os momentos de desespero que presenciou.

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Ao Estadão, Paulão Paquetá, como é conhecido um vizinho de João Alberto Silveira Freitas, 40, morto por seguranças do Carrefour, relatou as cenas chocantes que presenciou diante dos seus olhos. O amigo da família estava no mesmo supermercado em Porto Alegre (Rio Grande do Sul) e presenciou a brutalidade cometida por dois homens brancos – um deles policial militar temporário.

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“Estava chegando no local na hora das agressões. Eu estava a uns 10 metros quando começou. Tentamos intervir, mas não conseguimos”, recorda. Milena Borges Alves, esposa de Freitas, chegou a presenciar o espancamento do marido até o óbito, prosseguiu a testemunha.

Imagens divulgadas nas redes sociais mostram a vítima sendo brutalmente agredida, apesar de ensanguentada e inconsciente. Ao redor, pelo menos oito seguranças do supermercado cercam a área, impossibilitando que outras pessoas fossem até o local para ajudar o homem.

“Não pararam. A gente gritava ‘tão matando o cara’, mas continuaram até ele parar de respirar, fizeram a imobilização com o joelho no pescoço do Beto, tipo como foi com o americano”, fazendo referência ao caso de George Floyd, assassinado por policiais nos Estados Unidos em circunstâncias muito parecidas.

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Paulão, que é presidente da Associação de Moradores e Amigos do Obirici, testemunha que as agressões duraram cerca de 7 minutos, em um doloroso martírio para Freitas. Os seguranças somente cessaram a partir do momento em que a vítima parou de respirar. “Se apavoraram. Chamaram a Brigada [militar], que isolou ali e a Samu tentou reanimar”.

Quando o socorro chegou ao local, o óbito de Freitas foi confirmado no local. A testemunha alega ainda que celulares de testemunhas foram tomados para que a ação criminosa não fosse registrada por vídeos e fotos.