Será que meu filho tem autismo? Conheça como identificar e a hora certa de procurar um diagnóstico

a Dra. Gladys Arnez, neurologista infantil e da adolescência, mestranda em Neurociências com ênfase no Tratamento do autismo e à frente da Clínica Neurocenterkids, em SP vai nos explicar

PUBLICIDADE

Hoje, muito mais falado na sociedade, com informações disponíveis na internet, séries de TV sobre o tema e relatos nas redes sociais de pessoas que convivem com o autismo diariamente, o TEA – Transtorno do Espectro Autista, deixa de ser um tabu, mas ainda há muito o que ser explicado sobre seu diagnóstico. E é sobre isso que a Dra. Gladys Arnez, neurologista infantil e da adolescência, mestranda em Neurociências com ênfase no Tratamento do autismo e à frente da Clínica Neurocenterkids, em SP vai nos explicar.

PUBLICIDADE

Com a classificação do DSM5 o Transtorno do Espectro Autista acaba ficando em um grupo de Transtornos do Neurodesenvolvimento, juntamente com o TDHA, Transtorno especifico da aprendizagem, transtorno do desenvolvimento intelectual, transtorno da comunicação, transtornos motores.

Mas o que é um Transtorno de Neurodesenvolvimento? 

Segundo a Dra. Gladyz Arnez, os Transtornos do neurodesenvolvimento, são transtornos que levam a um déficit no comportamento pessoal, social e acadêmico do indivíduo; que podem ir de leves, como os transtornos específicos de aprendizagem, até aos quadros mais incapacitantes como por exemplo, o transtorno de espectro autista, que dependerá muito do grau e do nível que a criança apresenta. 

Tem se falado que os Transtornos do Neurodesenvolvimento correspondem a 10% da população infantil, o que é um número alto e preocupante. Então é necessário que ao perceber qualquer sintoma, a criança seja levada o quanto antes a um neurologista infantil para que se tenha um diagnóstico preciso.

PUBLICIDADE

Segundo o DSM5, os tópicos principais que correspondem aos Critérios Diagnósticos do Espectro Autista, são:

  • Déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação e nas interações sociais, manifestados de todas seguintes maneiras:

  • Déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal, usadas para interação social; ou seja, a interação visual. A verbal seria o atraso da fala, mas nem todos tem, principalmente a criança com Asperger, que no geral apresenta uma boa comunicação verbal, complementa a Gladys Arnez. 
  • Falta de Reciprocidade Social; Trata-se de quando a criança não se importa muito com a interação social; Quando ela prefere ficar sozinha, vivendo em seu próprio mundo, brincando com seus brinquedos e fazendo somente o que gostam. Sempre de modo repetitivo. 
  • Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade, apropriados para o estágio de desenvolvimento; ou seja, eles preferem ficar sozinhos. Inclusive o Asperger. No geral, ele se interessa por um assunto e é tão bom naquilo, que acaba cansando os outros. Por Exemplo; se seu interesse for nome de países; então ele começa a falar só deste assunto e não gosta de ser interrompido e isso acaba cansando as outras pessoas e muitas vezes, por isso, ele acaba sofrendo bullying- explica a Gladys.
  • Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas formas:
  • Comportamentos motores ou verbais estereotipados ou comportamentos sensoriais incomuns; A ecolalia, a fala repetitiva muitas vezes durante o dia. Também estamos falando das estereotipias motoras; balanço do corpo, das mãos, inclusive muitas crianças podem bater a cabeça quando estão irritadas;
  • Excessiva adesão/ aderência a rotinas e padrões ritualizados de comportamento. É comum, por exemplo, a criança querer comer sempre no mesmo prato, a mesma comida. Ou quando na idade adulta, a pessoa vai querer comer sempre no mesmo restaurante, na mesma mesa, a mesma comida, vai querer ser atendida pelo mesmo atendente. São comportamentos ritualizados. Os rituais fazem parte da vida do autista.
  • Interesses restritos, fixos e intensos.

Geralmente essas crianças vão querer brincar com a mesma brincadeira, assistir os mesmos desenhos repetitivamente. Elas podem até se juntar à outras crianças, mas elas não brincam com essas crianças, elas preferem brincar sozinhas.

A Dra. Gladys Arnez, Neurologista infantil da Neurocenterkids, explica que esses sintomas devem estar presentes no período de neurodesenvolvimento, mas podem não se manifestar completamente até que as demandas sociais excedam o limite de suas capacidades, então, ela começa a regredir. Geralmente acaba “desaprendendo” o que já tinha aprendido ou já não evolui mais. Isso pode acontecer por volta dos dois anos de idade.

O Transtorno do Espectro Autista também pode estar relacionado com outros diagnósticos, mas dependerá muito da idade da criança. Temos principalmente o Transtorno de Ansiedade, que é bastante comum na adolescência. Os Transtornos Depressivos, a Deficiência Intelectual; as Epilepsias e os Transtornos de Comunicação.

No decorrer do autismo podem aparecer muitas outras doenças e geralmente ele não vem sozinho, podendo estar associado com outros quadros clínicos, como o distúrbio do sono.

O mais importante dentro de um diagnóstico de autismo é a avaliação, perfil comportamental da criança junto com os pais e com o médico neurologista. Como bem explica a Dra. Gladys Arnez:

“A gente avalia essa criança no consultório e agradece se a família puder fazer algum vídeo caseiro mostrando a criança em diferentes momentos do dia, seja brincando em casa, na escola, quando for visitar algum familiar, isso ajuda demais na avaliação para um diagnóstico preciso”. 

E para finalizar, a Dra. Gladys Arnez completa: “Outro ponto muito importante é a avaliação interdisciplinar. O neurologista junto com uma equipe interdisciplinar, que, dependendo da necessidade da criança, pode ser uma fonoaudióloga, uma psicóloga, uma psicopedagoga, uma terapeuta ocupacional, e outros, para fecharmos o diagnóstico de forma precisa e avaliarmos a melhor terapia e o melhor tratamento para cada caso.” 


Existem também textos, questionários, que auxiliam, mas o mais importante sempre será a avaliação cognitivo comportamental além do relato dos pais. 


Dra. Gladys Arnez é médica Pediatra e Neurologista Infantil e da Adolescência, especialista em Transtornos Escolares e Comportamentais, mestranda em Neurociências com ênfase no Tratamento do autismo e está à frente da Clínica Neurocenterkids, em Santo André/SP.