Um caso iniciado há 15 anos teve um desfecho recente, após definição do Supremo Tribunal Federal (STF). Em julgamento na última instância, o padre Luiz Carlos Lodi foi condenado a pagar R$ 398 mil de indenização por danos morais ao casal Tatielle Gomes e José Ricardo Dias, por impedir um aborto legal e fazer Tatielle dar à luz a um bebê que acabou sobrevivendo por apenas uma hora.
“É a primeira que eu conheço na América Latina e no Caribe de tamanha sentença contra a Igreja Católica. Ela tem um papel inibidor da voz da igreja para causar danos morais às mulheres”, diz a pesquisadora Débora Diniz, em entrevista à revista AzMina.
De acordo com informações da revista, Tatielle tinha 19 anos e estava com cinco meses de gestação, quando descobriu que o seu bebê tinha uma anomalia intitulada de body stalk, doença rarissíma, que faz com os órgãos do feto fiquem do lado de fora do corpo.
Após receber o impactante diagnóstico, o casal foi orientado a buscar a Justiça para solicitar uma autorização para interromper a gestação, uma vez que a mãe também corria risco de vida.
Padre x Casal
Um mês depois, o casal recebeu a autorização para abortar. No entanto, quando tudo estava preparado para o procedimento de interrupção, inclusive com a internação de Tatielle em um hospital em Goiânia, médicos informaram que teriam que parar o processo. Segundo eles, um habeas corpus chegou na unidade hospitalar, obrigando a interrupção do aborto. O documento tinha sido feito pelo padre Luiz Carlos Lodi da Cruz.
Diante de tal decisão, a paciente foi encaminhada para casa sem realizar o procedimento, mesmo estando pronta para fazê-lo. Meses depois, Tatielle deu à luz à Giovana, que por conta da rara anomalia só viveu por uma hora, como já era esperado pelos médicos.
Desde então, o casal iniciou uma briga judicial contra o religioso e, depois de várias indefinições e reveses, eles conseguiram vencer a ação e serão indenizados.