O caso da menina de 10 anos que realizou um aborto após engravidar sendo vítima de estupro pelo tio teve ampla repercussão nacional, e levantou debates ideológicos. Natural do Espírito Santo, a criança teve que ser deslocada até Recife para realizar o procedimento de interrupção da gravidez, e presenciou protestos por conta disso.
Além da revolta de um grupo de religiosos em frente à unidade hospitalar em que foi internada, o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), a menina ainda foi constrangida quando já estava nas dependências do hospital prestes a realizar o aborto, que por lei é permitido para casos deste tipo.
De acordo com a apuração do jornal O Globo, a vítima foi constrangida por um médico, que conseguiu acessar o quarto onde ela estava para questionar a decisão dela e da avó de tirar a criança. Ele entrou no local apresentando detalhes gráficos do procedimento, objetivando que a menina não interrompesse a gestação de cinco meses.
Com diabetes gestacional, a menina de 10 anos corria risco de morte caso continuasse a gravidez.
No porta-malas
Ainda segundo o Globo, a menina precisou ser colocada no porta-mala de um veículo para fugir dos protestos de religiosos que se mostravam contra a decisão do aborto.
Vítima de abuso sexual há anos pelo tio, a menina não conseguiu efetuar o procedimento abortivo no Espírito Santo porque o hospital de referência de Vitória alegou ser impossível por “questões técnicas”.
Se recuperando do procedimento e de todo trauma vivido, a menina continua na Cisam, mas já se mostra aliviada tanto pela interrupção da gravidez, como também pela prisão do tio, ocorrida na madrugada da última terça-feira (18), em Betim, Minas Gerais.