‘Fizeram coral xingando a menina de assassina’; médico que realizou aborto traz novos detalhes sobre protestos

Diretor médico e obstetra Olímpio Moraes Filho diz ter sido impedido pelos manifestantes de entrar nas dependências da unidade de saúde.

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A menina de São Mateus, Espírito Santo, grávida aos 10 anos por conta de estupros perpetuados desde os 6 pelo próprio tio, realizou neste domingo (16) o procedimento de aborto. O diretor médico e obstetra Olímpio Moraes Filho foi o responsável pelo procedimento, realizado em Recife, capital de Pernambuco.

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Desde a autorização do aborto pela Justiça, protestos de grupos fundamentalistas religiosos se espalharam por todo o país, com maior intensidade no hospital onde se realizou o procedimento. Os manifestantes que se concentraram em Recife chegaram a fechar as entradas do hospital como forma de tentar barrar a interrupção da gestação.

Em entrevista concedida para a rádio Jovem Pan, Moraes Filho relatou os gritos em forma de protestos que alega ter ouvido quando chegou até a unidade onde seria feito o procedimento. “Gritavam com palavras de ordem, algumas rezas, desrespeitando um hospital de emergência, uma maternidade. Fizeram coral chamando a menina de assassina. Para nossa sorte, a criança não ouviu. Mais assustador ainda eram políticos, deputados que estavam ali”, contou

Médico afirma ter sido hostilizado

Em entrevista para a mesma rádio, o médico alega ter sofrido hostilidades ao chegar até a unidade de saúde onde seria feito o procedimento de aborto. Olímpio Moraes Filho enxerga o protesto como bastante danoso para os pacientes que frequentam a unidade de saúde, sobretudo por se tratar de uma emergência maternidade, com mulheres muitas vezes em gestações de risco. Há risco ainda maior por conta da aglomeração, passível de proliferação do coronavírus.

Moraes Filho acredita que os protestos entorno de si foram benéficos, uma vez que chamaram a atenção do grupo de manifestantes, dispersando os olhares sobre a menina, que entrou de maneira despercebida na unidade de saúde. Segundo ele, trata-se de uma “minoria barulhenta”, que não reflete a opinião em massa da sociedade brasileira.

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