Material que causou explosão no Líbano era mantido em depósito de maneira irregular há pelo menos 6 anos

Jornais locais afirmam que o governo do país tinha ciência do nitrato de amônio mantido depositado no porto de Beirute.

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O Líbano ainda contabiliza os estragos provocados pela forte explosão que atingiu a zona portuária de Beirute, capital do país, na tarde desta terça-feira (4), resultando em mais de 100 mortos até o momento. Simultaneamente, os trabalhos investigativos seguem para tentar encontrar as causas da tragédia.

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A emissora de TV Al Jazeera revelou que as autoridades do Líbano tinham ciência do material mantido em armazenamento na região portuária de Beirute. O assunto estaria sendo ignorado há pelo menos seis anos, até que culminou com a ocorrência da explosão. A mesma fonte alega ter acesso a cartas que demonstrariam tal conhecimento oficial.

Os documentos oficiais do governo apontam que o nitrato de amônio é resultado do descarregamento de um navio russo com a bandeira de Moldova. A embarcação, nomeada de Rhosus, ia da Geórgia para Moçambique, quando precisou estacionar em Beirute por problemas técnicos.

Informações apuradas pelo site Fleemont apontam que as autoridades do Líbano não permitiram que a embarcação seguisse viagem. Com isso, a tripulação optou por descarregar a carga, que desde então vinha sendo mantida em armazenamento em um dos hangares da zona portuária de Beirute.

Ainda no ano de 2014, o responsável pela administração do hangar enviou uma carta ao governo questionando uma solução para o problema. Ao menos cinco correspondências foram trocadas entre os anos de 2014 e 2017. Em resposta, as autoridades teriam declarado que incumbiria ao proprietário da carga a exportação do nitrato de amônio, a doação ao Exército ou a venda para alguma fabricante de explosivos.

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“Tendo em vista o sério perigo de deixar este material em um hangar, em condições climáticas inadequadas, nós pedimos mais uma vez para que a marinha reexporte estes materiais imediatamente, para preservar a segurança do porto e dos que por lá trabalham, ou que vejam como vendê-lo”, diz uma das cartas.

Em 2017, Badri Daher, que ocupava o cargo de diretor da administração alfandegária, relatou a um juiz o “perigo de manter esse material onde está, e aos que trabalham por lá”, tendo em vista o risco de um acidente de grandes proporções.

O governo do Líbano avalia a explosão desta terça-feira (4) como uma tragédia nacional, e promete investigar a ocorrência até que os culpados sejam responsabilizados e punidos com severas medidas.