Paciente que sobreviveu ao coronavírus diz: ‘Me canso mais rápido do que antes’

Estudo revela que fraqueza e problemas respiratórios podem permanecer durante meses.

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O reestabelecimento da saúde após o contágio por Covid-19 pode ser mais longo do que se pensa. De acordo com uma pesquisa divulgada esta semana pelo Hospital Shaare Tzedek, em Jerusalém – Israel, pelo menos metade dos doentes analisados continuam se queixando de fraqueza geral e dificuldades respiratórias durante semanas ou meses depois da alta.

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“A maioria dos pacientes não voltou totalmente ao que era antes da doença”, declarou Gabriel Izbicki, diretor do hospital. “Mesmo depois de curados, eles apresentam falta de ar, tosse prolongada e outros problemas pulmonares complexos”, completa.

Ele explica que os estudos, apesar de terem sido realizados com dezenas de entrevistados, ainda são preliminares. Isso porque a Covid-19 é uma enfermidade nova, e as informações precisam ser reavaliadas no longo prazo. A meta do hospital é registrar os depoimentos de outras centenas de pacientes, que já se inscreveram para a pesquisa e serão examinados nas próximas semanas. Além disso, todos os participantes passarão por outras avaliações, seis meses após o teste inicial.

O estudo também constatou que até mesmo os pacientes que apresentaram a doença em sua forma menos grave poderão ter danos pulmonares no longo prazo, enquanto outros que sobreviveram ao estado crítico não deverão enfrentar dificuldades.

‘Fico esbaforida’, desabafa paciente

 “De uma forma geral, me sinto bem, mas percebo que me canso muito mais rapidamente do que antes da doença”, conta Rosana Pereira dos Santos, funcionária pública de 51 anos, um mês depois de receber alta de sua internação por coronavírus pelo Hospital HCor, em São Paulo.

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Enquanto esteve internada, ela precisou usar cateter de oxigênio, pois estava com os pulmões comprometidos em 25%. Agora a Covid se foi, mas ainda é preciso conviver com os resquícios da doença, já que a funcionária pública ainda sente os batimentos cardíacos acelerados e também necessita usar anticoagulantes e corticoides.

“Se preciso fazer algum pequeno esforço, como os afazeres domésticos, eu fico logo esbaforida como se tivesse subido 12 andares”, relata Rosana, que também segue a recomendação médica de continuar com os exercícios de fisioterapia pulmonar em casa.

Um dos exercícios mais recomendados pelo especialista é a caminhada, que deve ser feita de forma leve e curta, mas diária.
O médico sugere o seguinte esquema: 

  • Primeira semana: cinco minutos, cinco vezes por dia.
  • Segunda semana: 10 minutos, três vezes por dia.
  • Terceira semana: 15 minutos, duas vezes por dia.

A reabilitação dos pulmões deve fazer parte do processo de recuperação do doente de coronavírus, de acordo com o especialista em medicina física e reabilitação da Irving Medical Center da Columbia University, em Nova Iorque, Farah Hameed.

“Para maximizar a recuperação da Covid-19, recomendamos que as pessoas afetadas trabalhem tanto no fortalecimento dos músculos respiratórios, para melhorar a falta de ar, quanto nos braços e pernas, para atenuar os efeitos da perda muscular”, afirma o especialista, lembrando que a perda muscular acontece após o período de repouso, necessário durante o estágio mais grave da doença.