A pandemia do coronavírus sobrecarregou o frágil sistema de saúde do Brasil. Em muitos estados, o cenário é de caos total, com superlotação de leitos de UTI e médicos se desdobrando em plantões quase que ininterruptos.
Em entrevista exclusiva ao G1, a médica Vívian Lima Leoneza, que trabalha como intensivista e chefe da Unidade de Terapia Intensiva para a Covid-19 na Santa Casa de Sorocaba, desabafou sobre a luta contra a terrível doença, que já vitimou mais de 90 mil pessoas em solo nacional.
“Mesmo a gente usando tudo o que sabe, eles morrem muito rápido e na nossa frente. Muitas vezes você não consegue ter tempo para, ao menos, tentar manter o organismo vivo. Isso foi muito frustrante para mim”, conta Vívian.
O cenário de calamidade surpreende a médica que trabalha há 23 anos em UTIs. Segundo ela, o momento vivido mexe não só com a rotina, mas também no aspecto psicológico de quem trabalha na linha de frente no combate à Covid-19.
Em tempos normais, Vívian conta que um médico é designado para tomar conta de, no máximo, 10 pacientes em cada plantão na UTI. Geralmente, quatro ou cinco possuem um estado mais grave de saúde, e metade fazem o uso da ventilação mecânica.
No período de pandemia, além do número mais elevado de pacientes, o estado de saúde dos mesmos, quase que em sua totalidade, é muito grave, e requer a utilização de um respirador.
Afastamentos
A intensivista ainda aponta que o corpo de médicos do hospital já sofreu várias baixas e se sobrecarrega, uma vez que vários colegas são afastados após sentirem os sintomas da doença. O contato próximo com pacientes em estado grave é alto e perigoso para os profissionais da linha de frente. Em escala global, milhares deles já morreram em decorrência da doença, sendo infectados no próprio trabalho.